Capítulo 12 - O Silêncio de Philip

O burburinho se espalhou pela vila como fogo em palha seca. Os soldados haviam retornado.

Stela soube logo pela manhã. Uma senhora que passava pela frente de sua casa comentara com entusiasmo sobre os trens que chegavam cheios de homens fardados, cansados, mas vivos. O coração de Stela acelerou. Philip estaria entre eles. Philip estava voltando para casa.

A ideia a preencheu com uma euforia silenciosa. Nos últimos dias, ela se perguntara inúmeras vezes por que Philip não havia respondido sua última carta. Talvez estivesse voltando antes que pudesse enviá-la. Talvez a correspondência tivesse se perdido entre tantos papéis de guerra. Ou talvez...

Talvez ele soubesse que estava voltando e achasse desnecessário escrever.

Ela esperou. Passou o dia ocupada, varrendo a casa, preparando algo para o jantar, como se ao manter as mãos ocupadas pudesse apressar o tempo. Cada som na rua a fazia correr até a janela, seu coração saltando de expectativa. Mas Philip não apareceu.

A noite caiu. O jantar esfriou na mesa. Timont perguntou duas vezes por Philip, e Stela tentou disfarçar a própria inquietação ao dizer que ele provavelmente chegaria no dia seguinte. Mas o dia seguinte também passou, e depois o outro, e outro mais.

O nó em sua garganta apertou. E se algo tivesse acontecido? E se, nos últimos momentos da guerra, Philip tivesse sido ferido, morto? Seu peito se apertou, os olhos encheram-se de lágrimas. Rezou baixinho para que aquilo fosse apenas um pensamento ruim, um medo irracional. Timont perguntava cada vez mais sobre Philip, e Stela não sabia como esconder sua angústia.

Foi só no fim daquela semana que ela descobriu a verdade.

Na venda da vila, enquanto escolhia alguns pães frescos, ouviu o nome de Philip em uma conversa entre duas mulheres.

— O soldado Lancaster voltou para a fazenda da família. — O tom era de admiração. — É incrível como ele sobreviveu a tantas batalhas. Deus realmente o protegeu.

Stela parou, os dedos apertando a alça do cesto. Ele voltou.

A princípio, o alívio a inundou. Ele estava vivo. Ele estava seguro. Mas então o chão pareceu sumir sob seus pés. Philip estava de volta. Philip estava na fazenda da família.

E ele sequer enviara uma carta. Não voltara para casa.

O que ela havia feito de errado? Por que ele a estava ignorando? Uma dor desconhecida se instalou em seu peito. Aquilo não fazia sentido. Philip não era assim. Ele era um homem honrado, correto, leal. Por que, então, ele simplesmente desaparecera de sua vida?

O estômago de Stela revirou, mas ela permaneceu em silêncio. Pagou pelos mantimentos e voltou para casa, segurando as lágrimas com todas as forças. Se Philip não queria vê-la, não havia nada que pudesse fazer.

Naquele mesmo dia, ao final da tarde, enquanto ela limpava a mesa, ouviu passos na varanda. Correu para a porta e viu o feirante deixando uma cesta de alimentos. Seu coração acelerou.

— Isto foi entregue para você, moça — disse o homem, apontando para um bilhete dobrado sobre os mantimentos.

Stela pegou o papel com dedos trêmulos. Reconheceu a caligrafia imediatamente.

Philip.

Abriu o bilhete e leu:

Stela,

Estou de volta da guerra. Ficarei na fazenda da minha família a partir de agora. A casa é sua e de Timont. Continuarei enviando o sustento, como sempre fiz.

Philip.

A leitura foi rápida, mas o impacto foi devastador.

Era isso. Apenas isso. Nenhuma explicação. Nenhuma despedida. Apenas um aviso frio e seco de que ele não voltaria.

O bilhete tremeu em suas mãos. Seu peito ardeu com algo que ela não sabia nomear. Angústia. Dúvida. Abandono.

Aquele não era o Philip que ela conhecia. Algo estava errado.

Mas se ele havia tomado essa decisão... então talvez não quisesse mais fazer parte de suas vidas.

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