Capítulo 17 - Um Pretendente Indesejado

O inverno avançava, mas para Stela, os dias pareciam cada vez mais opressivos. Philip permanecia distante, e sua ausência era como um espectro silencioso que se infiltrava nos cantos da casa, preenchendo cada espaço com uma melancolia densa. À medida que as noites se sucediam sem que ele aparecesse, a certeza de que ele havia escolhido um caminho onde ela não existia tornava-se mais insuportável. Não como ela o queria.

Ela buscava distrações, ocupando-se com afazeres triviais que nunca antes haviam parecido tão enfadonhos. Mas era impossível sufocar a sensação crescente de que tudo ao seu redor estava se tornando mais estreito, mais sufocante. Cada visita à vila era uma provação: os olhares furtivos, os sussurros abafados, o rumor insistente do anúncio que pairava sobre sua reputação como uma sombra indesejável de algo que Philip deixara para trás.

E então, um dia, a tempestade veio.

Stela terminava de dobrar alguns lençóis quando ouviu batidas firmes à porta. Ergueu-se de sobressalto. Timont ainda estava brincando no quintal e não havia esperado ninguém naquela manhã.

Ao abrir, deparou-se com um homem alto, de feições aristocráticas e um sorriso controlado demais para ser sincero. O tipo de homem que se sabia charmoso e esperava ser tratado como tal.

— Senhorita Whitmore? — Sua voz era agradável, mas carregava um tom de condescendência que a irritou de imediato. — Sou Edmund Crawford. Soube por meio do anúncio no jornal que a senhorita está em busca de um marido e achei apropriado apresentar-me.

A surpresa e a indignação se chocaram dentro dela.

Ela ficou imóvel por um instante, sentindo o rubor subir ao rosto. Depois, entrelaçou as mãos à frente do corpo e inspirou fundo, tentando manter a compostura.

— O senhor perdeu seu tempo vindo até aqui. Não estou em busca de um marido.

O homem riu, inclinando-se levemente como se ela estivesse sendo teimosa.

— Ora, minha cara, sei que pode ser embaraçoso tratar desse assunto diretamente, mas garanto que tenho intenções nobres. Sou proprietário de terras e posso oferecer conforto e segurança. Além disso, seria um privilégio cuidar de uma jovem tão encantadora.

Stela crispou os lábios. O ultraje tomou conta de seu peito.

— E suponho que foi Philip Lancaster quem lhe garantiu que eu aceitaria tal proposta? — sua voz saiu fria, cortante.

O homem ergueu as sobrancelhas, parecendo surpreso pelo tom ríspido. Mas então, sorriu levemente.

— O senhor Lancaster foi bastante criterioso ao avaliar os pretendentes. Parece-me um homem zeloso, e compreendo seu desejo de garantir-lhe um futuro adequado.

Stela soltou uma risada sem humor.

— Um futuro adequado? Com um desconhecido que bate à minha porta e fala como se eu fosse um animal valioso em exposição? — Ela cruzou os braços. — Perdoe-me, senhor Crawford, mas não aceito seu interesse. E sugiro que não perca seu tempo insistindo.

Edmund hesitou, claramente não acostumado a ser rejeitado tão prontamente.

— A senhorita entende que um casamento como o que proponho traria muitas vantagens? — Ele estreitou os olhos. — Sei que perdeu sua casa e que depende da bondade de terceiros. Um homem como eu poderia garantir-lhe uma vida confortável, longe da necessidade e do julgamento das pessoas.

A mão de Stela tremeu ao se apertar em um punho. Então era assim que a viam? Uma mulher desesperada, esperando qualquer homem generoso que aceitasse levá-la para longe daquela existência modesta?

A raiva brilhou em seus olhos quando ela deu um passo à frente, mantendo o queixo erguido.

— Prefiro viver à sombra da incerteza do que à sombra de um homem que me vê como uma obrigação ou um prêmio. Agora, se me dá licença, senhor Crawford, sugiro que procure uma esposa em outro lugar.

Sem dar tempo para resposta, fechou a porta com firmeza.

A fúria consumia cada parte de Stela enquanto ela se apoiava contra a madeira da porta, respirando com dificuldade. Philip realmente enviara um homem até ela. Como se já não bastasse o insulto do anúncio no jornal, agora ele tomava decisões sobre sua vida sem sequer consultá-la.

Ela não suportava mais.

Antes que pudesse pensar, pegou seu casaco e partiu pela estrada de terra batida. Ela não sabia exatamente onde ficava a fazenda Lancaster, mas descobriria. Philip não poderia mais se esconder.

O frio cortante da tarde não a fez hesitar. Seu coração martelava no peito, um misto de raiva e frustração se acumulando a cada passo que dava em direção ao homem que, de algum modo, sempre conseguia frustrá-la.

Philip Lancaster precisava ouvi-la. E desta vez, ele não fugiria.

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