Capítulo 19 - O Peso da Escolha

A estrada de volta à vila parecia mais longa do que quando Stela viera até a fazenda Lancaster. O vento frio soprava contra seu rosto, mas ela pouco se importava. O que doía não era o clima, era o silêncio de Philip. Ele não havia tentado impedi-la de ir embora. Nem mesmo se dignara a lhe lançar um último olhar.

Ela cerrou os punhos ao lado do corpo, o coração ainda palpitando com a lembrança do confronto. Como ele podia ser tão teimoso? Tão obstinado em afastá-la, como se estivesse protegendo a ambos? Philip dizia que ela não sabia o que sentia, mas e ele? Parecia fugir mais de si mesmo do que dela.

Ao entrar em casa, encontrou Timont sentado na mesa, desenhando com uma expressão concentrada. Assim que a viu, ele sorriu.

— Stela! Onde você foi?

Ela tentou suavizar a expressão.

— Precisei resolver algo, mas já estou aqui. Você comeu?

Timont assentiu e voltou ao desenho. Stela se aproximou e olhou por cima de seu ombro. Era um desenho simples, feito com os poucos lápis que ainda tinham. Philip estava ali, desenhado ao lado dela e de Timont. O peito de Stela apertou.

— Você sente falta dele? — perguntou em um tom mais baixo.

— Sim — Timont disse simplesmente. — Ele sente nossa falta também?

Stela hesitou. Philip sentia falta deles? Ou apenas de cumprir seu dever?

— Eu não sei — respondeu com honestidade.

Mas ela precisava descobrir.

Na fazenda, Philip ainda estava parado no mesmo lugar onde Stela o deixara. O vento agitava suas roupas, mas ele não sentia frio. Apenas um vazio cada vez maior.

Ele sabia que aquilo poderia acontecer. Sabia que se ela fosse confrontá-lo, sabia que teria que dizer a verdade. Mas agora, depois que ela se fora, algo dentro dele gritava que ele cometera um erro.

Henry apareceu na varanda e observou o irmão em silêncio por um tempo antes de cruzar os braços.

— Então, você vai me dizer por que Stela Whitmore apareceu aqui ou vou precisar adivinhar?

Philip suspirou, mas não respondeu. Henry não se deu por vencido.

— Ela parecia furiosa. — Ele estreitou os olhos. — E magoada.

Philip passou a mão pelo rosto, exausto.

— Eu só queria protegê-la.

— Protegê-la de quê? De você mesmo? — Henry riu com ironia. — Porque me parece que você está afastando a única pessoa que realmente se importa com você além da nossa família.

Philip não respondeu de imediato. Em vez disso, caminhou até a cerca e apoiou-se nela, olhando para o horizonte.

— Eu sou um homem marcado, Henry. Eu fui para a guerra, voltei com cicatrizes que ninguém pode ver, mas que ainda estão aqui. Eu carrego a morte nas costas. Ela merece mais do que isso.

Henry balançou a cabeça.

— Você a ama?

Philip sentiu o impacto da pergunta, mas não respondeu. Henry riu, balançando a cabeça.

— Você já tem sua resposta.

Philip fechou os olhos. Sim, ele sabia. Mas sabia também que não era suficiente.

Ele não era um homem jovem, cheio de sonhos e esperanças para dar a Stela. Ele era um soldado que voltara de uma guerra e tentava colocar sua vida em ordem.

E ela era uma jovem que ainda podia escolher qualquer caminho. Qualquer homem.

— Se eu realmente a amo — disse em um tom baixo —, então o melhor que posso fazer por ela é deixá-la livre para encontrar alguém melhor do que eu.

Henry suspirou e deu um tapinha em seu ombro.

— O problema, meu irmão, é que talvez você não perceba que, para ela, ninguém seja melhor do que você.

Philip permaneceu imóvel, fitando o horizonte enquanto o céu escurecia.

Mas a dúvida já havia se instalado em seu peito, e ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que encarar a verdade que evitava há tanto tempo.

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